Das flores e dos pássaros
Sobram as flores nas tardes estivais
e os pássaros mortos
na orla do infinito
têm olhares sonâmbulos
de adivinhos sem aura.
Perco a viagem sem destino
e agarro nas mãos trémulas
os pedaços de tempo perdido
como fios de água imprecisa
com sabor a inquietação.
Recuso o assombro e espanto
as núvens no vértice da manhã
a lavrar erros e dúvidas
e a esconjurar artificios
qual espadachim do Demo.
Não me venço, dando-me por vencido!
Persisto na busca da fragrância
certo de que as flores são imorredoiras
e os pássaros, intemporais,
a Fénix que subirá dos meus sonhos.
Ainda são assim os homens comuns!
A minha sombra persegue-me
Caminho em direcção ao Sol
A minha sombra
Segue-me
Persegue-me
Rastejante
Colada a meus pés
Atrás de mim
Rodopio
Volto as costas ao astro rei
E tomo o caminho de sentido inverso
A minha sombra passa por mim
Passa-me à frente
Sem desvio
Em desafio
Eu piso-a
Trepo-a
Mas ela avança ao ritmo dos meus pontapés
Sempre colada ao chão
Escrevo a cada passo
Um novo verso
Um novo dilema
Uma oração
Que passo
Passo a passo
Para um novo poema
É a minha angústia que pontapeio
O meu medo
O meu receio
O que eu mais queria
Era ser transparente
Ver-me a mim
Por dentro
Libertar-me da minha sombra
Da angústia
Que me ensombra
A vida
Sobram as flores nas tardes estivais
e os pássaros mortos
na orla do infinito
têm olhares sonâmbulos
de adivinhos sem aura.
Perco a viagem sem destino
e agarro nas mãos trémulas
os pedaços de tempo perdido
como fios de água imprecisa
com sabor a inquietação.
Recuso o assombro e espanto
as núvens no vértice da manhã
a lavrar erros e dúvidas
e a esconjurar artificios
qual espadachim do Demo.
Não me venço, dando-me por vencido!
Persisto na busca da fragrância
certo de que as flores são imorredoiras
e os pássaros, intemporais,
a Fénix que subirá dos meus sonhos.
Ainda são assim os homens comuns!
A minha sombra persegue-me
Caminho em direcção ao Sol
A minha sombra
Segue-me
Persegue-me
Rastejante
Colada a meus pés
Atrás de mim
Rodopio
Volto as costas ao astro rei
E tomo o caminho de sentido inverso
A minha sombra passa por mim
Passa-me à frente
Sem desvio
Em desafio
Eu piso-a
Trepo-a
Mas ela avança ao ritmo dos meus pontapés
Sempre colada ao chão
Escrevo a cada passo
Um novo verso
Um novo dilema
Uma oração
Que passo
Passo a passo
Para um novo poema
É a minha angústia que pontapeio
O meu medo
O meu receio
O que eu mais queria
Era ser transparente
Ver-me a mim
Por dentro
Libertar-me da minha sombra
Da angústia
Que me ensombra
A vida